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quarta-feira, 3 de maio de 2017

ENVOLVENTE FÍSICA DA PENÍNSULA IBÉRICA (III) – O ESTREITO DE GIBRALTAR E O MAR DE ALBORÃO

ENVOLVENTE FÍSICA 
DA PENÍNSULA IBÉRICA (III)

O ESTREITO DE GIBRALTAR 
E O MAR DE ALBORÃO

Na sequência do post anterior, sobre a Envolvente Física da Península Ibérica (II) - Formação do Mar Mediterrâneo e do Estreito de Gibraltar -, convém especificar um pouco melhor o que aí mostrámos sobre o Estreito de Gibraltar, acrescentando também as características da entrada no Mar Mediterrâneo, o chamado Mar de Alborão.

Estes esclarecimentos servirão para, quando tratarmos historicamente certas passagens da História da Humanidade, podermos perceber que não era possível o atravessamento do Estreito de Gibraltar ou mesmo do Mar de Alborão antes do surgimento das primeiras embarcações.

Mapas como este são pura ficção. Seria de todo impossível o Homo Antecessor (aproximadamente 1.2 milhão até cerca de 800 mil anos) ter atravessado o Estreito de Gibraltar...

Do ponto de vista geológico, o estreito de Gibraltar resultou da fissura de choque de duas placas tectónicas: a Placa Euroasiática e a Placa Africana. O lento avanço da Placa Africana para norte e o deslocamento da Placa Euroasiática para sudeste, a que se junta o movimento antihorário da Península Ibérica e da Córcega-Sardenha, tornam toda esta zona de alto risco geológico. Este choque provoca tensões nos bordos das placas, desde o Estreito até ao limite do mar de Alborão, estendendo-se os seus efeitos até ao golfo Pérsico. A energia deste roçar constante das placas é responsável pela actividade sismica sempre activa nesta zona, com picos de grande intensidade, manifestando-se em sismos intensos e episódicamente nas erupções de vulcões, como tem acontecido ao longo da História com o Etna, Stromboli, Vesúvio, Volcano, a explosão da ilha de Santorini, etc...

A profundidade do estreito varia entre aproximadamente 280 m, no Umbral de Camarinal, e quase 1000 m, nas proximidades da Baía de Algeciras. A largura mínima é de 14,4 km, entre Punta de Oliveros, na Península, e Punta Cires, em África.

Estreito de Gibraltar - imagem digital em 3D

Indicação da zona mais estreia do Estreito de Gibraltar entre Ponta Oliveros e Ponta Cires
Corte muito esquemático das profundidades do Estreito de Gibraltar na zona indicada na imagem anterior. Na Península Ibérica, a plataforma continental estende-se até cerca de 100 a 150 metros de profundidade a partir dos limites da costa actual.


MAR DE ALBORÃO

O mar de Alborão estende-se desde o Estreito de Gibraltar até uma linha imaginária entre o Cabo da Gata (Alméria – Península Ibérica) e o Cabo Fégalo (Orão – Argélia). É, por assim dizer, a sala de entrada no mar Mediterrâneo, constituindo a transição entre este e o Atlântico. É considerado o motor hidrológico do Mediterrâneo Ocidental, apresentando uma grande diversidade de estruturas e processos oceanográficos, uma forte interacção entre a hidrodinâmica e a topografia e frentes oceanográficas das mais extensas que se conhecem.

O seu fundo está sulcado por canhões submarinos e fundos rochosos. É atravessado por uma cordilheira submarina de cerca de 150 km de comprimento, que forma uma bacia a Oeste e outra a Sul, possuindo uma agitada actividade sísmica.

A partir da imagem de satélite e sobretudo da reconstituição em 3D, pode ver-se que a partir do limite da faixa da plataforma continental – que se estende da margem oceânica actual até uma profundidade de cerca de 100 metros –, o talude desce quase a pique. Enquanto no Estreito de Gibraltar a profundidade vai até cerca de 1000 metros e no extremo leste do mar de Alborán chega aos 2000.

A partir de uma foto de satélite da NASA.
Reconstituição digital em 3D dos leitos do Estreito de Gibraltar e do Mar de Alborão.

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